Duplo crime cometeu o meu povo:
abandonou-me a mim, fonte de água viva,
e para si preferiu cavar cisternas,
cisternas furadas que não retêm a água. (Jr 2,13)
Piedade, Senhor!
Tende misericórdia dos que desprezam a água viva que jorra abundantemente
do vosso lado aberto na Cruz
e preferem cavar para si cisternas defeituosas,
cisternas furadas que não retêm água!
Tende piedade, Senhor, dos que preferem cavar para si a cisterna da riqueza,
do luxo, da ostentação, do brilho das coisas do mundo,
tanto ouro, tantas jóias, carros de luxo, mansões,
tanta riqueza que fascina os olhos e engana o coração!
Cisterna vazia,
almas sedentas.
Tende piedade, Senhor, dos que preferem cavar para si a cisterna do poder,
do domínio, da idolatria do eu, da prepotência,
que querem ser servidos, adorados,
querem ser reis e senhores,
tanto poder que seduz o coração e ilude a alma!
Cisterna vazia,
almas perdidas.
Tende piedade, Senhor, dos que preferem cavar para si a cisterna das aparências,
das belezas efêmeras, passageiras,
dos corpos esculpidos, rostos manipulados,
cisterna de máscaras, de belezas falsas,
do desvario na busca do prazer,
almas rendidas, submissas a padrões de beleza artificiais,
tão oprimidas pelo desejo de serem amadas e cobiçadas!
Cisterna vazia,
almas sem luz.
Piedade, Senhor!
Dai-nos a todos buscar em vós a água que dá vida,
água da vida eterna,
vida em abundância, vida plena, vida verdadeira
que jorra incessantemente, transbordantemente,
do vosso coração misericordioso,
do vosso lado aberto na oferta de si mesmo,
de vossa vida entregue por nós no alto da Cruz!