Luz Invisível

A luz de Deus brilha, resplandece,
permanecendo invisível.
Ela brilha nos menores lugares,
nos corações dos pequeninos,
dos humildes e mansos.
A luz de Deus brilha, resplandece
num frágil recém-nascido
escondido num estábulo,
“envolvido em faixas e deitado sobre uma manjedoura”.

Luz invisível aos olhos do mundo,
luz gloriosa escondida,
assim é como Deus age
e se manifesta
e se revela.

Nos holofotes do mundo,
na pompa, na riqueza e na ostentação,
no barulho, nas intrigas,
na inveja e na disputa,
nos conflitos e nas ambições
reina Satanás,
o príncipe das trevas,
o príncipe do mundo.
O reino de Satanás é visível,
ele atrai pelo seu esplendor aos sentidos,
é delicioso ao paladar,
é prazeroso ao tato,
é encantador ao olhar,
ele alimenta nossos desejos
e nos escraviza
por querermos sempre mais;
ele seduz o nosso querer,
somos aprisionados na busca que nunca se satisfaz,
nada é suficiente,
nunca é demais,
é preciso sempre mais,
é preciso repetir de novo a experiência,
o prazer, o deleite,
a sensação exuberante,
o enlevo dos sentidos,
somos escravizados pelo que é visível,
pelo que pode ser tocado, possuído, controlado, repetido.

O Reino de Deus é como o avesso do mundo,
é este mundo ao contrário, ao inverso,
ele é invisível ao olhar, ao tato,
não pode ser possuído, controlado;
o encontramos no vazio,
no esvaziar-se,
no esvaziamento de si mesmo,
no abandono dos desejos.

A loucura de buscar o invisível,
de abandonar o que é garantido pelos sentidos
para ir ao encontro
do que não pode ser visto, nem tocado;
deixar tudo o que temos
por aquilo de que não temos posse,
trocar o grande, o esplendoroso ao olhar,
pelo pequenino, insignificante e desprezado.

Trocar as honras do mundo
pela vida escondida em Cristo,
trocar os prazeres do mundo
pelas delícias invisíveis do Reino,
trocar as certezas passageiras do mundo
pelos mistérios eternos da fé.

Loucura que é puro dom de Deus,
que é graça imerecida,
o olhar que vê o invisível,
que se satisfaz com o vazio,
que se plenifica se esvaziando,
a paz inabalável de habitar na luz,
luz invisível,
escondida,
a glória de Deus revelada nos pequeninos,
a plenitude da vida nos menores gestos,
nos gestos de pura entrega,
nos gestos de amor,
amor que é sair de si,
esquecer de si, doar-se.
Doação de cada instante,
em cada pensamento de um coração orante,
em cada instante de compaixão,
de compreensão pela dor do outro,
amor que se faz em cada gesto
que estende a mão em auxílio,
em oferta.

Amor que não é abstração,
não é apenas intenção,
amor que é luz,
luz de Deus no mundo,
presença de Deus no mundo.

Amor que repele as trevas,
que resplandece na noite do mundo,
que vence a escuridão do abismo.

Cada gesto de amor verdadeiro,
desinteressado, não-possessivo,
generoso, compassivo,
indulgente, misericordioso,
benevolente e caridoso,
ilumina as sombras do mundo,
afasta o inimigo e seus vassalos,
e liberta o coração de seus grilhões e tentáculos.

Amai e orai,
orai e vigiai,
amai sempre
vigiai o coração na oração
amai sempre
amor é luz
e “Deus é luz e nele não há trevas”.

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