Tudo tem seu tempo. (Ecl 3,1a)

Rezar é colocar-se diante de Deus,
sem pressa.
É estar na sua presença,
com reverência, com amor e adoração.
Rezar é se abandonar à presença de Deus.

Minha experiência no Mosteiro da Santa Cruz,
um mosteiro beneditino em Juiz de Fora,
foi profundamente formadora na minha vida de oração.
Com as monjas, eu aprendi a importância e o valor de rezar e salmodiar bem lentamente…
A Madre Paula, a Abadessa, muitas vezes admoestava as monjas para que salmodiassem mais lentamente durante o Ofício, porque, sem se darem conta, elas começavam a acelerar o ritmo, e a Madre pedia, insistia, para que não corressem com a salmodia…
Nas missas de domingo, a Capela do Mosteiro ficava cheia,
e os fiéis chegavam agitados, no ritmo do mundo.
No entanto, logo na primeira resposta da missa, eles já se davam conta que ali era preciso estar presente de uma outra forma. Quando todos terminavam de responder, bem rapidamente: – Bendito seja Deus que nos reuniu no amor de Cristo!, as monjas ainda estavam no começo da resposta – “… seja …Deus.. que… nos… reuniu… no… amor… de …Cristo!”
Assim, aos poucos, o povo ia desacelerando, se entregando à presença do Senhor, conduzidos pelo ritmo de oração das monjas e, quando chegávamos a Oração Eucarística, o povo já tinha aprendido e conseguia responder bem lentamente, em uníssono com elas…

Hoje eu fui à missa numa outra capela, que não a das Irmãs Clarissas, e o padre rezou as orações da missa tão rapidamente, que eu fiquei pensando que talvez ele esteja ouvindo muitos áudios e vídeos em velocidade acelerada, e já está até achando que esta é a velocidade normal da vida… Há pouco tempo eu li um artigo sobre os efeitos no cérebro de se escutar áudios e assistir vídeos acelerados, foi então que eu fiquei sabendo que as pessoas estão fazendo isto… Fiquei pasma… Como é a qualidade da presença de uma pessoa que escuta e assiste tudo acelerado? Como viver, como estar, assim, nessa pressa?

Quando eu era criança, acho que eu tinha oito anos, eu li o Pequeno Príncipe para fazer uma ‘ficha de leitura’ da escola. O livro tocou tanto meu coração, que até ganhei um ‘Parabéns com estrelinha’ na minha ficha de leitura. Eu lembro que escrevi no meu comentário: “é um livro de ficção, mas que só tem verdade em suas palavras”, e a professora ficou muito impressionada! Eu amei tanto o livro, que quis até decorar algumas frases, especialmente esta, que achei tão linda e me marcou profundamente: “Eu, se tivesse cinquenta e três minutos para gastar, caminharia, passo a passo, mãos no bolso, na direção de uma fonte”.
Na época eu não sabia, mas esta é uma perfeita definição do que é a oração do coração:
Caminhar, passo a passo, sem pressa, gastando o tempo, na direção da Fonte!