05 de maio de 2020
Durante a Páscoa, contemplei muito em minhas orações o tema da ‘vida divina’ e da ressurreição, me dedicando à leitura orante do discurso do Pão da Vida, no capítulo 6 de João. Durante estes momentos de oração contemplativa, sentia muitas vezes a presença do Espírito me mostrando, me ensinando, desvelando ao meu coração muitos dos significados desta Palavra. A cada dia, esses significados iam se dilatando em meu coração, como que numa progressão. Rogo ao Santo Espírito que venha novamente em meu auxílio e me faça agora recordar o que Ele soprou em meu coração e mostrou ao olhos da minha alma, e que me conceda a graça de traduzir esse entendimento e visões em palavras e frases que façam sentido.
Não conseguirei expressar exatamente o que me foi mostrado, nem na ordem em que me foi mostrado. Conseguirei apenas esboçar um resumo, espero que as frases façam sentido e não se tornem muito desconexas. Na minha experiência, cada palavra vinha muito densa de significado. Não sei se conseguirei transmitir todo o significado que cada palavra carregava quando a contemplava.
“Quem come a minha carne e bebe o meu sangue tem a vida eterna, e eu o ressuscitarei no último dia” (Jo 6, 54).
A vida que Jesus nos dá é a vida divina, é a participação, como filhos, da vida da Trindade Santa. Esta vida divina nós a teremos plenamente no último dia, na consumação das núpcias do Cordeiro, quando nossos corpos serão ressuscitados e, transfigurados, participaremos da natureza divina no novo céu e na nova terra: esta é a vida eterna, a vida divina na glória de Deus, como filhos no Filho. Esta é a nova criação, o novo céu e a nova terra, onde não haverá mais morte, nem luto, nem grito, nem dor, somente luz. Seremos plenos de amor, seremos plenitude no amor. Estaremos puros de toda mancha de pecado, lavados pelo sangue do Cordeiro.
Para chegarmos a este estado de perfeição, para termos condições de habitar na morada eterna do Pai, como filhos à imagem do Filho, temos que alvejar nossas vestes, temos que purificar nossos corações, temos que nos santificar. Precisamos purgar toda mancha do pecado, precisamos ser mais brancos do que a neve, precisamos ter somente amor no coração. É por isso que sofremos em nossa peregrinação na terra. Os sofrimentos nos purificam, expiam nossas faltas, nos educam, nos corrigem. Essa é a razão da nossa peregrinação terrena, do nosso êxodo pelo deserto em direção à terra prometida. O êxodo começa no batismo – a travessia do mar Vermelho, quando somos libertados da escravidão de Satanás. Mas precisamos ainda peregrinar pelo deserto, termos a experiência de sermos tentados, combater o mal, resistir à idolatria e à murmuração, vencer o pecado para chegarmos ao nosso destino, à herança prometida, à nova terra que é a morada celeste, a casa do Pai. Os sofrimentos aqui na terra são bênçãos, são dádivas que nos preparam para a vida divina. Quem nos conduz e nos guia nessa peregrinação é Jesus, de quem Moisés foi figura. Através dos sacramentos, confiados à mãe Igreja com o auxílio do Espírito Santo, enviado pelo Pai e pelo Filho, somos auxiliados, amparados, socorridos nessa travessia do deserto. Os sacramentos vêm em nosso auxílio. Eles nos sustentam, nos fortalecem, nos preparam para a vida divina.
Linda mensagem! Neste tempo de isolamento, muitas vezes nos perguntamos e perguntamos ao nosso Criador o porquê de tudo isto, deste sofrimento fisico e mental que tantos estamos passando, longe de nossos entes queridos e da própria Eucaristia. A resposta, se pararmos para ouvir, está dentro de nós e nos sinais que o próprio Deus e a natureza nos mostram: que para sermos merecedores da vida eterna, precisamos passar pela purificação em todos os sentidos, nos tornando pessoas melhores e ligadas a Ele próprio. Oração, Conversão, Fé e Esperança é o que nos deve mover a viver.
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